sexta-feira, setembro 26, 2008

Meu violão & Eu




Hoje achei a minha primeira aula de violão, registrada num caderno. Foi teórica e prática ao mesmo tempo. Após a primeira aula já saí tocando uma música inteira. Era uma música fácil, mas eu tocava direitinho... para quem não sabia nenhum acorde até então, tava de bom tamanho. Minha professora, Cris, era o máximo.

A aula dizia assim:

Cifras -> Representação gráfica dos acordes. Elas são simbolizadas pelas primeiras letras do alfabeto e são conhecidas em todo o mundo ocidental.

Notas musicais Cifras
Dó -----------> C
Ré -----------> D
Mi -----------> E
Fá -----------> F
Sol -----------> G
Lá -----------> A
Si -----------> B

Os acordes podem ser:
-Maiores (M)
-Menores (m)
-Numerados (4,5,7...)
-Com sinais (+,-,º)


E assim por diante. Saudade daquele tempo.
Hoje em dia o violão e a música já estão tão incorporados na minha vida e no meu dia-a-dia que mal paro para pensar no quanto é surreal, nas minhas condições, na minha cidade, na minha idade, eu tocar violão assim, como se fosse a coisa mais normal do mundo uma menina fazer isso em 2002 em São Luís do Maranhão. Eu era (e ainda sou) uma das poucas.
O que seria de mim sem meu Dexter?

Centenas de Tipos

Esses dias ando pensativa demais. Isso me assusta, pois quando muito reflito não chego lá à tão boas conclusões sobre as coisas em geral. Sobre pessoas em especial.
O importante é... não existe só um tipo de pessoas. Não existem dois tipos de pessoa. Existem centenas de tipos. Essa é a salvação.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Talkin about a revolution

American Way Of Life


Por que todos tem que fazer faculdade? Casar? Usar jeans... vestir-se? Atentado ao pudor, diriam para a última questão. "Civilização!" Usar roupa num calor desses lá é civilizado? Mas claro, nós tínhamos que corresponder aos gostos dos nossos colonizadores portugueses, que viviam numa região de clima temperado, algumas vezes, frio. E nós aqui embaixo num calor de 35ºC temos que fazê-lo, usar muitas roupas, porque é o correto. Os índios são uns primatas, uns sem-vergonha que andam pelados, o Big Brother (vide 1984) diria. Mas Renato Russo diria o contrário:
"Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal"

"Tudo que é normal". Semana passada fui chamada de "louca" duas vezes na faculdade. Claro que foi num tom de brincadeira, mas sabe quando nota-se uma verdade por detrás? Só porque eu faço tudo ao contrário. Só porque contesto, discordo. Penso diferente, logo, sou louca.

Existe uma letra maravilhosa de Nara Leão para essas situações. Todo mundo faz as mesmas coisas, sempre. Nascemos, e então as meninas são colocadas em vestidos cor-de-rosa; os meninos em macacões azuis. Crescemos, as meninas brincam de boneca, os garotos de carrinho. Vamos para a escola com o intuito de passar de ano, raramente de aprender, sem saber exatamente porquê. Depois passamos madrugadas acordados, estudando para o vestibular, porque é uma obrigação fazer faculdade, ganhar dinheiro e pagar impostos. Depois, todos casam-se na Igreja e é aquela velha história. Mas Nara conseguiu sintetizar de forma fantástica:


"Uma caixa bem na praça, uma caixa bem quadradinha
Uma caixa, outra caixa, todas elas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e uma bem amarelinha
Todas elas feitas de tic tac, todas elas iguaizinhas

As pessoas dessas casas vão todas pra universidade
Onde entram em caixinhas quadradinhas iguaizinhas
Saem doutores, advogados, banqueiros de bons negócios
Todos eles feitos de tic tac, todos, todos iguaizinhos

Jogam golf, jogam pólo, bebendo um bom martini dry
Todos têm lindos filhinhos bonequinhos engomadinhos
As crianças vão pra escola, depois pra universidade
Onde entram em caixinhas e saem todas iguaizinhas

Os rapazes ficam ricos e formam uma família
Todos eles em caixinhas, em casinhas iguaizinhas
Uma verde, outra rosa e outra bem amarelinha
E são todas feitas de tic tac, todas, todas iguaizinhas"

Aí temos a clássica do Belchior. O cara diz tudo nesse trecho:

"Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais..."

Existe aquela do Biquini Cavadão também, ótima banda brasileira, pouco reconhecida. A letra fala por si mesma:

"Janaína acorda todo dia às quatro e meia
E já na hora de ir pra cama, Janaina pensa
Que o dia não passou
Que nada aconteceu..."

"...Janaína é só lembrança de amores guardados
Hoje é apenas mais uma pessoa
Que tem medo do futuro- que aconteceu ? -
Se alimenta do passado"


Não é só uma questão de imitar a cultura norte-americana, até porque isto tudo já estava enraizado na Europa antes de qualquer intervenção dos EUA no resto do mundo. É burrice genética mesmo, falta de reflexão.
Eu quero o meu Vilarejo de Marisa Monte, outros querem a poluição das metrópoles em troca de vida agitada e acabam empobrecendo e adoecendo enquanto comem bobagens e enriquecem os donos de Fast-food... Cada um quer uma coisa, mas todos seguem sempre o mesmo caminho e acabam fazendo as mesmas coisas. Porque na verdade, é tão difícil fazer o que realmente queremos, gastar o tempo da forma que queríamos. E continuamos, assim, sendo moldados por minorias manipuladoras.

Vamos revolucionar, pessoas! Não temos mais tempo.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Eles querem ser como nós


Richard Edwards, o anoréxico assexuado que se auto-mutilava, admirava garotas. Não é à toa que seu antigo companheiro de banda e possível amante no passado, Nicky Jones, veste-se de forma um tanto andrógina nos shows do Manic Street Preachers.

Nicky, o atual letrista da banda depois do desaparecimento de Richey, parece lamentar sua condição masculina. Em "The Girl who wanted to be God" ele incorpora o sexo feminino: "I am the girl who wanted to be god". Em "Born a girl" o mesmo diz: "And I wish I had been born a girl and not this mess of a man".

Homossexualidade? Não necessariamente. Nicky é casado com uma mulher e tem filhos. Mas acredito que artistas tão sensíveis como ele tenham o lado feminino bastante aflorado. Genética.

Antony Hegarty, da maravilhosa Antony and the Johnsons, é gay assumido e, também, possui um visual andrógino. Na linda canção "For today I am a boy" Antony canta: "One day I'll grow up, I'll be a beautiful woman. One day I'll grow up, I'll be a beautiful girl.But for today I am a child, for today I am a boy."

Eu poderia citar tantos outros, gays ou não, andróginos ou não. David Bowie, Mick Jagger, Brian Molko, Ney Matogrosso...É como se ser mulher fosse um status, como se a mulher estivesse em um nível de poder diferente. Talvez por isso muitos gays idolatrem mulheres, em especial divas extravagantes. Eles queriam ser como elas: Not a mess. Beautiful.