segunda-feira, junho 04, 2007

Tecnologia Deprimente

"Sonhos", de Akira Kurosawa.


*Tecnologia Deprimente*

Vivemos num tempo de descrença e desconfiança. A Era tecnológica, na qual todos se comunicam através de dedos que digitam letras (por sua vez, aparecem em uma tela de uns três por dois palmos), não permite rostos e afeto próximo. É tudo aquilo, "fale, mas longe de mim".


Acabou de acontecer comigo: perguntei para a pessoa onde ela morava e recebi uma resposta-indagação. "Por quê?". Calma, eu não sou uma psicopata, serial killer, ou sei lá o que esse alguém pensou. É triste. A culpa não é dela. É do momento todo.


No Brasil a situação é pior. Talvez não, nunca vivi fora. Porém é a impressão que tenho. Aquela histeria coletiva de que tudo pode acontecer a qualquer momento. Medo de sair na rua de uns, descaso de outros. Alguns até se acostumam a viver no inferno, no caos. Não sei o que é pior, o exagero extremado para qualquer um desses lados é lamentável, por minha parte.


Não sei o que me leva a continuar acessando a internet. Um motivo é muito claro: é um meio fácil de conseguir arte. Claro que existem pontos positivos e negativos na tecnologia, e também o positivo pode ser negativo dependendo do ponto de vista: é subjetivo. Mas deveria ser subjetivo? Realmente pensamos na coletividade quando dizemos que somos a favor da tecnologia?


Levando-se em conta os milhões usados em todo o processo de pesquisa e produção tecnológica, tanto em investimento governamental quanto em salários, patrocínios, mão-de-obra (essa parte já desfavorecida), extração e compra de matéria-prima, impostos e comércio; seria esse dinheiro realmente um peso positivo maior do que o negativo?


A fome em vários continentes, a desigualdade social presente inclusive nos países "desenvolvidos", problemas de raiz, desmatamento, aquecimento global em alta... "Esse clichê todo", o leitor deve estar a pensar. Clichê factual, notório, indiscutível.Todo esse dinheiro, citado anteriormente, não seria melhor aplicado nos itens deste último parágrafo?


A tecnologia salva vidas. Mas os nossos ancestrais eram menos felizes porque não tinham acesso à ela? Na verdade o estudo da técnica era inimaginável para eles como o conhecemos hoje e por isso, dispensável. O homem sempre querendo apenas, e tudo, o que sabe que existe. É como um índio que quer um tênis depois que soube da existência do tal.


As pessoas morrem, temos que aceitar isso. Tudo que é vivo morre. Até quando o humano vai procurar a fórmula da infinitude? Por que se acha tão especial, individualmente, a ponto de achar que merece viver para todo o sempre, forçando as próximas gerações a dividirem seu tempo com ele, quando a população mundial na verdade deveria diminuir e não aumentar?


São tantas questões. Obviamente não são todas as tecnologias más ou do mal. Eu não sou radicalmente contra elas, não por motivos pessoais, pois aí seria hipocrisia demais. Não sou a favor de algo só porque me faz bem, ou contra só porque me faz mal.


O problema é sempre o excesso, o exagero, a ganância e a maldade, típicos do ser humano. Tudo isso levado para a tecnologia é extremamente perigoso. E, no contexto aqui adotado, principalmente o exagero é um perigo. Querer ser tão diferente do resto dos animais leva o homem ao exagero o tempo todo, e claro que as próprias pretensões também o levam à isso.


Também vou deixar claro que sou contra robôs, robótica em geral, mas isso é subjetivo e não quero impôr nada. Todo este texto é minha opinião, mas uma opinião baseada em análises externas e não egoístas. Outro dia vi na TV uma propaganda dizendo que daqui a algum tempo a geladeira vai fazer a lista de compras da casa e realmente senti vontade de chorar. Existe quem ache essas novidades um máximo.


Estamos na Era da depressão, da tecnologia e do fim do mundo. Alguém aí se sente completamente feliz?


Para completar a finalidade destas minhas palavras, terminarei com frases do filme "Sonhos", de Akira Kurosawa, já postadas neste blog anteriormente:


"-As pessoas se acostumam com a conveniência. Acham a conveniência melhor. Jogam fora o que é realmente bom."


"-E a iluminação?-Temos vela e óleo de linhaça.-Mas a noite é tão escura!-Sim, a noite tem de ser assim. Por que a noite deveria ser clara como o dia? Eu não gostaria de não conseguir ver as estrelas à noite."


"-Hoje em dia as pessoas esquecem que elas são só uma parte da natureza. Destróem a natureza, da qual nossa vida depende. Acham que sempre podem criar algo melhor. Sobretudo os estudiosos. Eles podem ser inteligentes, mas a maioria não entende o coração da natureza.Eles só criam coisas que acabam deixando as pessoas infelizes. Mesmo assim, orgulham-se de suas invenções. E o que é pior, a maioria das pessoas também. Elas as vêem como milagres. Idolatram-nas."

2 comentários:

Anônimo disse...

A cultura hj em dia é estar na moda:cel de ultima geração,DVD, MP4 agora quase chegando o MP5 rsrs, etc se vc não tem não vive nos dias de hj e pra que tudo isso?!? Pra nos afastarmos uns dos outros cada dia???Pra que o amor seja um sentimento cada dia mais esquecido???Acho que o ser humano é o ser que usa a sua inteligencia tentando fazer o bem...Mas na prática o bem se transforma em destruição..

Colocando o homem cada dia mais distante do simples e talvez esse simples seja o caminho da felicidade...Bobagens escritas né???Desculpa ai!!!

Anônimo disse...

Bem...voçê esta sendo uma utopica com essa postagem,o que passou passou como diz a história.Acredeita mesmo que o homem saira de suas confortaveis casas e apartamentos e dos supermercados,para residir em cavernas e caçar seus alimentos? acredito que seria mais divertido,no entanto atualmente nao e o mais pratico!Sei como voçê esta se sentido pois ate pouco tempo acreditava que um dia as pessoas,de um modo geral, poderiam mudar as coisas e esquentar as relaçôes,mas desisti disso.Não que seje uma pessoa de personalidade fraca,nao...,mas que abri meus olhos e aceitei a condição que foi imposta pela vida, pelo mundo.Ainda mais vivendo num país como o Brasil em que nao existem leis para todos!Como disse uma vez um amigo meu: "- O Brasil é uma bunda!!!"